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sábado, 3 de janeiro de 2009

A saga de Bolly




A esteira estava cheia, Bolly já podia ver, eram milhões. Milhões de pequenas garrafas verdes com seus líquidos tremulantes. Enfileiradas com matemática e higiene. Escuro.
Bolly estava nervosa, se tivesse um coração dentro do seu corpo cilíndrico, provavelmente ele estaria acelerado. Em instantes um turbilhão de movimentos bruscos chacoalharam os sentimentos de Bolly. Parecia que ia explodir e naquela circunstância, isso era bem possível. Luz. Tudo o que se podia ver era luz. Estou morta? – pensava Bolly temerosamente. Mal se acostumara com aquela intensa claridade e foi apanhada. Sentiu uma mão quente a sua volta e pode perceber que tinha companhia. Não estava mais sozinha naquela empreitada. Escuro.
- Para onde estamos indo?
- Para onde todas nós vamos, meu bem! Para o estrelato!
As horas seguintes foram as mais terríveis da vida de Bolly. Depois de ficar horas dentro de um lugar escuro, rolando incessantemente e quase sendo sufocada por uma grande coberta de plástico fino, foi colocada deitada num lugar frio. Muito frio. Agora estou morta! – Se convencia Bolly. O estresse era tanto, que Bolly estranhamente caiu no sono, estava cansada, e o silêncio quase perturbador a ajudou a relaxar.
Sentiu uma dor forte na cabeça, foi virada em diferentes ângulos, abraçada por diferentes mãos, e despejava em pequenas parcelas alguns mililitros de sua vida. O cheiro triste do tutti-frutti invadia a mesa, semelhante ao cheiro de pipoca na porta do cinema. E aos poucos, como se fosse algo muito rotineiro, como se fosse uma das clássicas torturas chinesas, foram assim, bebendo toda a sua alma.
Bolly estava fraca. Sentia-se enjoada, como se tivesse acordado numa quarta-feira de cinzas.
Estava novamente envolta à coberta de plástico grudento, mas agora, haviam mais quatro feito ela, esmagadas, como trabalhadores no metrô às seis da manhã. Foram separadas uma a uma, e jogadas novamente na esteira. Bolly embora vazia, sentia-se cheia, cheia de esperança e felicidade. Era muito bom, naquelas alturas, se sentir a caminho de casa novamente. A esteira corria, aos poucos garrafas e mais garrafas iam caindo num grande buraco de metal.
É fogo! É fogo! Vamos morrer! Não posso morrer, ainda sou jovem! Jovem! – Gritou uma garrafinha de 250 ml segundos antes de ser atirada buraco abaixo.
O pânico tomou conta daquelas pequenas criaturas. Bolly pôde ver toda sua vida perante seus olhos. Sentia uma sensação estranha. Sabia que iria morrer, em poucos segundos. O buraco se aproximava, e a única saída era orar, já que como estava seca, Bolly havia sido impedida até de chorar. Uma dor aguda foi se apoderando do seu corpinho roliço. O buraco estava prestes a engoli-la. Escuro.
A esteira estava cheia, Bolly já podia ver, eram milhões. Milhões de pequenas garrafas verdes com seus líquidos tremulantes. Enfileiradas com matemática e higiene. Escuro.

1 comentários:

Unknown disse...

"dolly dolly guaraná dolly...dolly o guaraná o sabor brasileiro" oi eu sou dolynho seu amiguinho uahuahauhauah essa foi muito criativa amei

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E eu te pergunto: E dai?